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A escolha perfeita

Procurar um lar nem sempre é uma tarefa fácil ou agradável. Com esse guia, ensinamos você a não entrar em uma roubada na hora de alugar sua casa nova

por Ricardo Ampudia 8 jun 2021 22h29
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(Clube Lambada/Ilustração)

om a pandemia e o tempo cada vez maior que passamos confinados, entendemos a importância (e o privilégio) de morar em um lugar confortável. Achar o cafofinho dos sonhos não é fácil. Além do preço, cada vez mais fora da realidade, é preciso cuidado para a sua próxima casa não virar o cantinho do pesadelo, com infiltrações, umidade, lâmpadas e tomadas que não funcionam. Para te ajudar a escolher criteriosamente sua próxima morada e até a fazer uma proposta de ajuste no aluguel consultamos especialistas sobre pontos a serem observados na visita do imóvel.

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(João Barreto/Ilustração)

A boa vizinhança

O básico do básico é caminhar pelas redondezas, observar se o local possui comércio essencial próximo, como padaria, farmácia e supermercado. Para quem não usa carro, vale saber onde estão os pontos de ônibus e estações de metrô próximas e para onde eles te levam. Se você quer uma vizinhança silenciosa, preste atenção no tipo de comércio da rua. Morar na frente de uma balada pode não ser uma boa ideia no sábado à noite. Vale sempre, aliás, visitar o local à noite, para saber se é movimentado, seguro e bem iluminado.

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(João Barreto/Ilustração)

Here comes the sun

Ter um apartamento bem ensolarado garante que ele fique mais confortável no inverno, que suas roupas sequem e que você possa ter uma hortinha na janela. Para isso, é preciso observar a posição do sol em relação à fachada. Como estamos no hemisfério Sul, a face norte é sempre a insolada. Para saber a posição, basta usar a bússola do celular.

“É interessante dar preferência a imóveis cujas aberturas dos dormitórios estejam voltados a Nordeste, de forma a receber o sol da manhã”, diz a arquiteta Natalie Barusso, da UB Arquitetura. Ela recomenda visitar o imóvel sempre pela manhã ou fim do dia, nunca próximo do meio-dia. “Importante ressaltar que os elementos do entorno podem interferir na insolação do imóvel”. Por isso, verifique se prédios mais altos, muito próximos ou árvores bloqueiam a luz do sol.

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(João Barreto/Ilustração)

Pimp my goma

Se o apartamento ou casa é velho, mas você acredita que é uma pedra bruta que vai brilhar depois de um tapa, vale fazer uma proposta de reforma. Primeiro, é preciso avaliar se o investimento compensa. Natalie explica que, via de regra, reformas de banheiro, cozinha e lavanderia saem mais caro. “São áreas de maior complexidade de projeto e execução, que requerem diversos tipos de instalações prediais, como hidráulica, esgoto, elétrica e gás, além de equipamentos e acabamentos específicos, que tendem a ser mais caros”.

Uma alternativa à quebradeira nesses cômodos são revestimentos de azulejos e troca de metais, que já ajudam a dar outra cara. Para os outros ambientes, além da pintura, obras menores podem ser feitas, como instalações de paredes de drywall e lixamento de taco. Vale sempre levar um especialista para avaliar e fazer o orçamento antes de fechar o contrato. Todo acordo com o proprietário sobre desconto e abatimento precisa ser feito por escrito e assinado.

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(João Barreto/Ilustração)

Infiltrados

Outro ponto muito importante a se observar é a presença de infiltração e umidade. Um cano rompido ou trincado pode ser seu próximo filme de terror. As manchas de umidade provenientes de má ventilação geralmente costumam ser pretas, no teto ou cantos. É, basicamente, fungo ou sujeira. Já as manchas grandes e amareladas na parede, pontos com pintura estufada e reboco desfazendo são indícios de vazamento ou infiltração.

Para Mariana Pavan, do Agiliza Lab, que dá workshops de manutenção residencial e reparos para mulheres, é sempre importante investigar o que está atrás da parede. Uma torneira, por exemplo, pode indicar um vazamento e uma parede externa, um muro, pode indicar infiltração por má impermeabilização. “Uma boa ideia para saber mais da hidráulica de um apartamento ou prédio, é conversar com o zelador e vizinhos para saber a idade dos encanamentos, se já houve alguma reforma, se há problemas frequentes”, diz.

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Um teste importante na hora de visitar as áreas molhadas da casa é caçar problemas próximos às torneiras e descargas. “Basta bater com o dorso do dedo em pontos próximos às torneiras ou no box dos banheiros. Se o barulho for oco, pode haver um problema de infiltração”, explica Natalie, da UB arquitetura.

Ela pondera, no entanto, que se não houver manchas escurecidas, o problema pode ser só no assentamento dos azulejos. Ainda é preciso olhar para cima. Manchas amareladas na laje ou no forro de gesso podem ser de infiltração da chuva, em casas, ou do vizinho de cima, nos apartamentos. Os dois devem dar uma boa dor de cabeça.

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(João Barreto/Ilustração)

Chocante

“A parte elétrica é muito importante. Dependendo do estado, pode sair muito caro refazer a fiação, trocar disjuntores. E isso pode ser negociado como um desconto tanto no aluguel como na compra do imóvel”, explica a Mari Pavan, do Agiliza Lab. É importante olhar o quadro de disjuntores e prestar atenção se eles são antigos. Se eles forem do tipo que usa fusíveis, fuja. Esse tipo de sistema é muito antigo, não é mais usado e pode significar uma troca de toda a parte elétrica da casa e instalação de um novo quadro.

Os disjuntores pretos são seguros, mas denunciam que a parte elétrica não é revisada há bastante tempo. “Os disjuntores brancos são os mais modernos. Não podem nunca ter partes chamuscadas ou queimadas, o que significa que há sobrecarga”, conta Mari.

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Ela diz que é importante insistir para visitar o imóvel com a energia ligada, para poder testar tomadas, lâmpadas e chuveiros. “Se houver dois chuveiros, vale ligar os dois ao mesmo tempo, na potência máxima. O correto é nenhum dos dois cair, pois precisam estar conectados em disjuntores independentes”.

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Com checklist em mãos vem a parte mais difícil: encontrar um aluguel que você consiga pagar.

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(João Barreto/Ilustração)

As imagens que você viu nessa reportagem foram feitas por João Vitor Barreto. Confira mais de seu trabalho aqui.

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