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O futebol feminino é um tremendo terreno fértil para o lesbianismo”, declarou Gabriel Camargo, presidente do time colombiano Tolima. Tal afirmação foi feita em 2018, meses antes de entrar em vigor uma determinação estabelecendo que qualquer clube que dispute a Libertadores masculina precisa ter uma equipe feminina, de acordo com a Conmebol. Apesar de alvo de inúmeras críticas, a frase de Camargo traz uma perspectiva recorrente e reitera os estereótipos de gênero associados às mulheres que jogam futebol.
No Brasil, isso se dá de forma ainda pior. O machismo é amplamente disseminado por pessoas em cargos de poder, como o presidente Jair Bolsonaro. Recentemente, após a repercussão de uma questão do Enem 2020 que falava sobre a diferença salarial entre Marta e Neymar, ele disse que a pergunta é “ridícula” e ainda acrescentou que o “futebol feminino não é realidade” no país. Poucas semanas depois, um sócio e ex-conselheiro do Santos, Sergio Ramos, atacou a modalidade com mais declarações preconceituosas. “O futebol feminino é um lixo. Eu não assisto uma porcaria dessa de jeito nenhum”, pontuou.
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Entender todas essas distinções passa, também, pela história. Durante quatro décadas, de 1941 a 1979, as mulheres foram proibidas de praticar futebol no território nacional. À época, muitas fizeram de tudo para continuar jogando bola, mas não houve qualquer desenvolvimento da modalidade, e isso vai além do esporte. Culturalmente, o país do futebol é conhecido – e reconhecido – pela seleção masculina e há um consequente investimento superior em atletas homens.
Até pouco tempo atrás, era praticamente impossível encontrar uma escolinha de futebol para crianças do gênero feminino. O cenário tem mudado aos poucos, com uma maior visibilidade das mulheres no país e no mundo, mas está longe de ser o ideal, principalmente em relação à desigualdade de salários.
Durante quatro décadas, de 1941 a 1979, as mulheres foram proibidas de praticar futebol no território nacional
Ainda na infância, meninas que gostam do esporte, muitas vezes, vivenciam situações de preconceito, que independem de sua orientação sexual. As barreiras superadas por muitas jogadoras, que se destacaram nacional e internacionalmente, abriram portas para uma maior liberdade de ser quem cada uma é. Atletas da modalidade passaram a falar publicamente sobre seus relacionamentos com outras mulheres, porém, reforçando que não há qualquer relação entre jogar futebol e ser lésbica.
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Elástica ouviu histórias de Amanda, Kimberly, Carolzinha, Katrina e Paty, cinco jogadoras de futebol, de diferentes categorias, para mostrar a importância do espaço conquistado por meio da batalha diária por mais valorização no esporte e contra a lesbofobia.