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Hoje, eu tenho tudo que já sonhei um dia”, reflete Amanda Nunes (@amanda_leoa), 32 anos. Saída de Pojuca, interior da Bahia, a lutadora de MMA se tornou a primeira mulher a conquistar, simultaneamente, dois cinturões de categorias diferentes do Ultimate Fighting Championship (UFC), o peso-galo e o peso pena.
Vitória também da jovem que, após perder a primeira luta de vale-tudo, voltou para academia, em Salvador, obstinada a treinar e se tornar a melhor do mundo. “Eu já praticava jiu-jitsu desde os 15, 16 anos e saí de Pojuca para a capital para me dedicar ao esporte. Ganhei o título baiano, o mundial. Resolvi que precisava de um objetivo maior. Na época, era a única menina na academia. Achava ótimo, porque eu adorava bater nos meninos. Dormia pensando no troco que ia dar em quem tinha me finalizado”, lembra rindo.
O esporte sempre foi prioridade em sua vida. Criança, jogava bola na rua depois da escola. Quando começou no ringue, descobriu que seu tio tinha sido lutador de vale-tudo. “Era na rua mesmo, puxavam uma cordinha, apostavam dinheiro e quem ganhasse, levava”, diz Amanda. “Minha mãe nunca tinha me falado até eu também começar a lutar, então creio que essa paixão deve ser coisa de sangue mesmo.” Tem outra característica de família que ela acredita ter herdado: a força da mãe. “A gente cresce junto e se inspira. Minha mãe sempre me criou com muita independência. Se eu arrumasse briga na rua ou se me machucasse lutando, eu mesma me cuidava chegando em casa. Isso não quer dizer que eu não tenha recebido carinho, só que ela incentivava a gente a tomar nossas decisões”, conta.
![Amanda Nunes Amanda afirma ter duas personalidades, a do dia a dia e a do combate: “Na luta, me torno uma leoa, estou lá para caçar. Mas não explodo antes, guardo para o cage.” Andre Schiliró/Divulgação](https://preprod.elastica.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/05/Amanda-Nunes.jpg?quality=70&strip=info)
A liberdade fez com que Amanda entendesse a importância de fazer boas escolhas. Assim, selecionou os amigos da infância e se manteve longe de confusão, decidiu quando era hora de ir embora de casa e até mudou de país sem falar a língua. Se tem uma coisa que Amanda sempre teve, é foco. Na juventude, não tinha vida social, não bebia. Sua motivação abriu portas. De luta em luta, chegou a Miami. Na época, só arranhava o inglês aprendido com os turistas estrangeiros em Salvador. Foi se virando, aprendendo a pedir comida, fez amizades. Tudo mudou quando a também lutadora norte-americana Nina Ansaroff surgiu. Elas treinavam na mesma academia e a relação que começou como amizade virou um casamento de oito anos. “A língua era um entrave. Era mímica, um tal de Google Translator pra cá e pra lá, mas aí eu aprendi de vez o inglês”, conta Amanda. No ano passado, nasceu Raegan, filha do casal. Com cinco meses, a bebê já estava no ringue acompanhando a mãe, que leva o apelido de “leoa”, por ser feroz na disputa, e também é conhecida pelo título de G.O.A.T. (sigla de greatest of all times, a melhor de todos os tempos). Se depender dessa dupla, tudo indica que mais uma geração de mulheres fortes vem por aí.
“Minha mãe nunca tinha me falado até eu também começar a lutar, então creio que essa paixão deve ser coisa de sangue mesmo”
Amanda Nunes
![UFC 259: Nunes v Anderson Amanda com Raegen no ringue Jeff Bottari/Getty Images](https://preprod.elastica.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/05/GettyImages-1305744524.jpg?quality=70&strip=info)